domingo, 16 de junho de 2013



Situação de Aprendizagem

Texto Pausa de Moacyr Scliar.


 
DISCIPLINA: Língua Portuguesa

AULAS PREVISTAS: 08 a 10 aulas;

PÚBLICO ALVO: 6ª série/7º ano do Ensino Fundamental;

CONTEÚDO: Leitura de texto com traços característicos de Crônica Narrativa;

OBJETIVO: Espera-se que o aluno ao final da atividade reconheça um texto narrativo - conto; e que desenvolva as habilidades de leitura, ampliando sua capacidade de leitura e escrita;

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES: inferir e reconhecer elementos da narrativa, reconhecer características do gênero “conto”, analisar características do conto e desenvolver competência leitora;

RECURSOS: Texto impresso - repartido em duas partes; lousa e giz; sala de informática; dicionário; Datashow;

ESTRATÉGIAS: análise e comparação  do conto em diferentes mídias, fazendo intervenções por meio de estratégias de leitura;


ETAPA 01. - ANTECIPAÇÃO.

1. Antes da apresentação do texto levar os alunos para a Sala de Informática para que os alunos possam pesquisar sobre o escritor Moacyr Scliar. E para pesquisar imagens de CAIS, pois a história a ser lida se passa no cenário de um cais.

Moacyr Scliar



"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que "baixa" no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".

Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom Fim, bairro que até hoje reúne a comunidade judaica, a 23 de março de 1937, filho de José e Sara Scliar. Sua mãe, professora primária, foi quem o alfabetizou. Cursou, a partir de 1943, a Escola de Educação e Cultura, daquela cidade, conhecida como Colégio Iídiche. Transferiu-se, em 1948, para o Colégio Rosário, uma escola católica.
Em 1955, passou a cursar a faculdade de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre (RS), onde se formou em 1962. Em 1963, inicia sua vida como médico, fazendo residência em clínica médica. Trabalhou junto ao Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU), daquela capital.
Publica seu primeiro livro, “Histórias de um Médico em Formação”, em 1962. A partir daí, não parou mais. São mais de 67 livros abrangendo o romance, a crônica, o conto, a literatura infantil, o ensaio, pelos quais recebeu inúmeros prêmios literários. Sua obra é marcada pelo flerte com o imaginário fantástico e pela investigação da tradição judaico-cristã. Algumas delas foram  publicadas na Inglaterra, Rússia, República Tcheca, Eslováquia, Suécia, Noruega, França, Alemanha, Israel, Estados Unidos, Holanda e Espanha e em Portugal, entre outros países.
Em 1965, casa-se com Judith Vivien Oliven.
Em 1968, publica o livro de contos "O Carnaval dos Animais", que o autor considera de fato sua primeira obra.
Especializa-se no campo da saúde pública como médico sanitarista. Inicia os trabalhos nessa área em 1969.
Em 1970, freqüenta curso de pós-graduação em medicina em Israel, sendo aprovado. Posteriormente, torna-se doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública.
Seu filho, Roberto, nasce em 1979.
A convite, torna-se professor visitante na Brown University (Departament of Portuguese and Brazilian Studies), em 1993, e na Universidade do Texas, em Austin.
Colabora com diversos dos principais meios de comunicação da mídia impressa (Folha de São Paulo e Zero Hora). Alguns de seus textos foram adaptados para o cinema, teatro e tevê.
Nos anos de 1993 e 1997, vai aos EUA como professor visitante no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Brown University.
Em 31 de julho de 2003 foi eleito, por 35 dos 36 acadêmicos com direito a voto, para a Academia Brasileira de Letras, na cadeira nº 31, ocupada até março de 2003 por Geraldo França de Lima. Tomou posse em 22 de outubro daquele ano, sendo recebido pelo poeta gaúcho Carlos Nejar.
O escritor faleceu no dia 27/02/2011, em Porto Alegre (RS), vítima de falência múltipla de órgãos. 

http://www.releituras.com/mscliar_bio.asp


 
ETAPA 02. – LEVANTAMENTO DE CONHECIMENTOS PRÉVIOS.

1.Apresentar o título do texto – PAUSA
2.Perguntar aos alunos o que o nome do texto sugere?
3.O que vem a mente quando falamos em PAUSA?
4.O que eles esperam do texto a ser lido?
Faz- se um banco de dados na lousa com tudo o que os alunos falarem. Estabelecendo previsões sobre a leitura a ser realizada.
5.Estudo do Léxico – Sinônimos e Definições da palavra PAUSA.

ETAPA 03. – LEITURA DO TEXTO

1. Entregar para os alunos somente metade do texto para ser lido. (Partir o texto até a parte que fala – Aqui meu bem...).

PAUSA

 Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
            —Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
            —Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
            —Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
            —Por que não vens almoçar?
            —Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:
            —Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
            —Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
            —Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
            — Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
            —Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.

2. Ler o texto em voz alta, de forma compartilhada, sublinhando as palavras desconhecidas.

3. Pedir que os alunos imaginassem o final da história até aí e escreva o final em 01 parágrafo – mantendo a forma descritiva do texto. Compartilhar os finais. Fazendo previsões sobre o final da história.

Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
            — Já vai, seu Isidoro?
            —Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
            —Até domingo que vem seu Isidoro – disse o gerente.
            —Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.
            —O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.

(in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)

4.Entregar a outra parte do texto e terminar a leitura. Continuando o trabalho de pesquisa com o vocabulário desconhecido.

5. Após a leitura do texto, checar juntamente com a sala se a leitura foi o que se esperava se, se enterram o porquê da pausa. Chegando num consenso acerca da história lida. – Compreensão global do texto. Apresentação de um trecho adaptado do conto.

         http://www.youtube.com/watch?v=diaVfMrEHkw

ETAPA 04. – TRABALHANDO COM O TEXTO

1.Como os alunos pesquisaram palavras desconhecidas, pedir que os mesmo utilizem esta palavra em outro contexto, outra frase.

2.Falar sobre a tipologia e o gênero do texto lido – suas características.

3.Trabalhar com os elementos da narrativa: Quem? Quando? Onde? Por quê? O que?

4.Trabalhar com o foco narrativo- passando um trecho da história da 2ª pessoa para a 3ª pessoa do singular.

5.Trabalhar descrição de personagens (física e psicológica) e a descrição do ambiente.

6.Trabalhar com discurso direto – indireto em apenas um trecho da história.

ETAPA 05 – INTERDISCIPLINARIDADE

1.Levá-los ao Datashow, mostrar para eles o vídeo da música Cotidiano de Chico Buarque de Holanda na versão de Seu Jorge – animação. Perceber e reconhecer o que é uma rotina – tentando fazer uma relação com o texto.

2.Passar os filmes: Click (exemplo de um cotidiano que pode ser mudado sempre) e o filme Como se fosse à primeira vez (exemplo de um cotidiano que não pode ser mudado). Discutindo o que eles gostariam que mudassem em sua rotina.

                                     AVALIAÇÃO:

A avaliação será feita em todo o percurso da atividade – mas para fechamento do trabalho pedirei para que os alunos façam uma produção textual narrativo – descritivo sobre a rotina de seu domingo. Fazendo sempre a relação com o texto lido e trabalhado. E depois passe este texto em forma de quadrinhos. Sendo estes expostos na sala de aula.
  
         SUGESTÕES COM OUTROS FILMES E LIVROS: 


- Efeito Borboleta

- Metamorfose - de Kafka

                                   Cursista: PAULA ROBERTA BIASINI