quinta-feira, 20 de junho de 2013



Situação de Aprendizagem
 
Conto : Pausa  - Moacyr Scliar

ANTES DA LEITURA


       Objetivo: desenvolver a competência leitora e escrita a partir das informações explicitas e implícitas.
       * Em relação ao título : “ Pausa” – as hipóteses levantadas:

       a- O que esse título sugere?
       b- O que chama atenção nesse título?
       c- O texto é um conto ou crônica?

DURANTE A LEITURA

       Leitura compartilhada do texto, fazendo o levantamento do vocabulário;
       Análise do elementos narrativos;
       Definição do gênero : conto
       Estudo da biografia do autor.


MOACYR SCLIAR



     Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom Fim, bairro que até hoje reúne a comunidade judaica, a 23 de março de 1937, filho de José e Sara Scliar. Sua mãe, professora primária, foi quem o alfabetizou. Cursou, a partir de 1943, a Escola de Educação e Cultura, daquela cidade, conhecida como Colégio Iídiche. Transferiu-se, em 1948, para o Colégio Rosário, uma escola católica.
      Em 1955, passou a cursar a faculdade de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre (RS), onde se formou em 1962. Em 1963, inicia sua vida como médico, fazendo residência em clínica médica. Trabalhou junto ao Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU), daquela capital. 

      Publica seu primeiro livro em 1962. A partir daí, não parou mais. São mais de 67 livros abrangendo o romance, a crônica, o conto, a literatura infantil, o ensaio, pelos quais recebeu inúmeros prêmios literários.
      Faleceu no dia 27/02/2011, em Porto Alegre (RS), vítima de falência múltipla de órgãos. 



PAUSA

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:

_ Vais sair de novo, Samuel?

Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.

_ Todos os domingos tu sais cedo  -   observou a mulher com azedume na voz.

_ Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.

Ela olhou os sanduíches:

_ Por que não vens almoçar?

_ Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.

A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:

_ Volto de noite.

As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:

_ Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...

_ Estou com pressa, seu Raul! – atalhou Samuel.

_ Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – Estendeu a chave.

Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:

_ Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
         Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d´água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos. Dormir. Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos. Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou-se um círculo luminoso no chão carcomido. Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas.
Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor.  Depois silêncio. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
        _ Já vai, seu Isidoro?
        _ Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
        _ Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
        _ Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
        _ O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
        Samuel saiu. Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.

SCLIAR, Moacyr. In: BOSI, Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cutrix, 1997.


APÓS A LEITURA


       Retomar o texto para identificar palavras-chave.
       Produzir o um novo texto alterando o final .

INTERTEXTUALIDADE


       Ouvir a música do Bruno e Marrone –Que pescar que nada.
       http://letras.mus.br/bruno-e-marrone/195710/
       Quais as semelhanças e diferenças entre as personagens masculinas do texto PAUSA e a música  QUE PESCAR QUE NADA?

INTERTEXTUALIDADE

       Apresentar a música “ Sossego “ de Tim Maia e refletir:
       A-  o que  ambos tem em comum?
       B-o relacionamento entre o casal é harmonioso?
       C-como você chegou a essa conclusão?
       D- na sua opinião o marido agiu de maneira correta?
 


CURSISTA: PATRÍCIA APARECIDA PORTO

 

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